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Qual o potencial do retrofit na reabilitação dos centros urbanos?

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Num mundo em constante evolução, a necessidade de renovar edifícios e infraestruturas tornou-se premente, impulsionada pela obsolescência tecnológica e pelas questões ambientais crescentes. 

Diante desses desafios, o conceito de “retrofit” surge como uma solução essencial, propondo a modernização, ressignificação e adaptação de construções existentes às demandas contemporâneas, preservando a história e a cultura embutida nesses espaços.

Mas qual o potencial do retrofit na reabilitação dos centros urbanos? Retrofit é uma abordagem abrangente de modernização de edifícios e infraestruturas existentes, diferenciando-se de reformas tradicionais ou reconstruções totais. 

Focado na otimização de desempenho e eficiência, utiliza tecnologias avançadas para melhorar a eficiência energética e adaptar-se às normas contemporâneas, ou seja, maximiza o aproveitamento da estrutura existente, minimiza o desperdício de recursos e promove a sustentabilidade. 

A reabilitação dos centros

A história da deterioração dos centros urbanos no Brasil está intrinsecamente ligada ao processo de urbanização acelerada que ocorreu ao longo do século XX. No início desse período, as áreas centrais das cidades eram os locais mais valorizados, com comércio movimentado e moradias luxuosas. 

No entanto, a partir dos anos 60, as cidades brasileiras experimentaram uma expansão urbana desordenada, impulsionada pelo êxodo rural e pela industrialização. Esse crescimento desordenado levou ao abandono e à deterioração das áreas centrais, à medida que o investimento público e privado se deslocou para os subúrbios. 

A falta de infraestrutura apropriada, segurança e a valorização da construção greenfield (em que construir do zero é sinal de avanço, inovação e tecnologia) contribuíram para a decadência dos centros. 

Nas últimas décadas, entretanto, surge um interesse na reabilitação dos centros urbanos e na busca por uma maior qualidade de vida nas áreas centrais das cidades brasileiras. O centro de São Paulo, por exemplo, conta com um belo projeto de regeneração feito pelo urbanista Jaime Lerner, que foi debatido por grandes nomes do urbanismo neste webinar

Esse processo é fundamental para a reabilitação de cidades como um todo, visto que os centros são regiões que concentram a maior parte da história e cultura das cidades. Apesar da importância, a reabilitação dessas áreas esbarra em uma questão fundamental: como aumentar a ocupação em uma área onde os edifícios disponíveis são, em geral, antigos? 

Para que se tenha vitalidade urbana, é preciso ocupação, mas como tornar edifícios que, apesar da importância histórica, são obsoletos, um objeto de desejo popular?

O poder do retrofit: aliando modernização, sustentabilidade e legado

Para atender essa questão e outras que envolvem mercado, sustentabilidade e disponibilidade de terra, cada dia mais surgem soluções para reabilitação de edificações. Tecnologias de reabilitação são fundamentais para capacitar edifícios antigos no atendimento das demandas de uma sociedade em evolução constante. 

São várias as mudanças que perpassam as comunidades, como novas necessidades, modismos e tecnologias, e as edificações devem conseguir acompanhar essas mudanças sem perderem sua essência e história.

Nesse contexto, emerge o conceito de “retrofit” como uma poderosa ferramenta para superar tais desafios. Diferente de uma reforma comum, o retrofit é um processo que está aliando modernização, sustentabilidade e legado, no qual tem como foco a melhoria do desempenho e funcionalidade de uma infraestrutura existente. 

Geralmente, intervenções de retrofit incluem a atualização de sistemas, como HVAC (aquecimento, ventilação e ar-condicionado), iluminação, isolamento térmico e energia. Esse foco em eficiência vem de encontro a uma das maiores necessidades do design urbano: a sustentabilidade. 

O retrofit contribui na construção de cidades mais sustentáveis por duas vias. A primeira consiste no propósito do retrofit em si, que visa melhorar a eficiência das edificações, reduzindo, consequentemente, os gastos energéticos e as emissões. 

A segunda reside no fato de que em vez de demolir e reconstruir, o retrofit tem em vista maximizar o valor e a vida útil das estruturas já existentes. Esse processo aproveita as emissões e energia já agregadas à construção, como detalhamos melhor nesse artigo

Além da questão energética e de emissões, o retrofit conta com vários outros benefícios, como economia de matéria-prima, redução no volume de resíduos, prolongamento da vida útil da edificação, redução de recursos operacionais, valorização do imóvel e melhoria na experiência do usuário.

Um case que nos inspira

Um dos casos famosos de retrofit é a revitalização do icônico edifício Copan, no centro da cidade de São Paulo. O Copan é um edifício residencial projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer e inaugurado em 1966. Desde então, se tornou um dos marcos arquitetônicos da cidade. 

Com o passar do tempo, o Copan se viu diante de diversos problemas estruturais e de manutenção devido à sua idade avançada. Muitos apartamentos estavam em más condições e a infraestrutura do edifício estava se deteriorando. Além disso, a gestão do edifício enfrentava desafios financeiros para manter e revitalizar esse ícone da arquitetura moderna brasileira.

Nesse contexto, foi proposto um projeto de retrofit como uma solução moderna para os problemas que assolavam o edifício. O retrofit do Copan envolveu a restauração e modernização do edifício para preservar sua arquitetura, ao mesmo tempo, em que o tornava funcional e atrativo para os moradores e investidores. 

Algumas das principais etapas do projeto incluíram restauração da fachada, reforma interna, instalação de sistemas de captação de água da chuva e melhoria da eficiência energética do edifício.

Mitos sobre o retrofit

Apesar dos vários benefícios e cases de sucesso, existem mitos e equívocos comuns associados ao retrofit de edifícios e infraestruturas. Um deles é que retrofitar é sempre mais caro do que construir. 

Embora o retrofit possa envolver custos significativos, ele frequentemente é mais econômico do que a construção de um novo edifício com características semelhantes. Isso porque é preciso considerar os benefícios de longo prazo, como economia de energia e custos operacionais reduzidos, que podem compensar os custos iniciais. 

Outro erro comum é tratar o retrofit como uma solução única para todos os edifícios. Assim como em qualquer projeto de qualidade, cada edifício é único e requer uma abordagem de retrofit personalizada. O que funciona para um edifício pode não ser adequado para outro. Portanto, é importante avaliar cuidadosamente as necessidades de cada espaço.

O retrofit é uma ferramenta que gera oportunidades

Para além do modismo, pode-se dizer que o retrofit é uma ferramenta que gera oportunidades poderosas na construção de cidades melhores, especialmente no que diz respeito à revitalização dos centros. 

Técnicas de retrofit podem ajudar desde a consolidação de resiliência urbana em face às mudanças climáticas, até no melhor aproveitamento de edifícios abandonados pela disseminação do home office. 

Para nós da Biossplena, um dos maiores benefícios dessa prática é a manutenção da integridade histórica e cultural dos espaços, ao mesmo tempo que estes são atualizados para padrões modernos. 

Em um contexto onde cada dia mais se reproduz uma arquitetura genérica, espaços que contam histórias têm um valor inestimável à medida que proporcionam experiências únicas, como é o caso do projeto Galópolis. 

Nesse sentido, para que o retrofit desempenhe um papel de alavancador de oportunidades imobiliárias e sociais, os projetos não podem ser genéricos, replicáveis e superficiais. 

O projetista deve encontrar uma forma orgânica de relacionar a área de intervenção com o entorno e a história da cidade, um ponto de convergência que crie empatia entre população e espaço. Acreditamos ainda que, apesar do poder do retrofit, somente a abordagem personalizada e a imersão no contexto podem elevar essa ferramenta a um transformador de realidades.

Para saber mais sobre o assunto e entender como o retrofit pode contribuir com o turismo de uma região, acesse Urbanismo regenerativo e turismo.

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