Quando se trata de projetos de urbanismo, o planejamento financeiro detalhado é fundamental. Estimar com precisão os custos da construção não é apenas uma prática recomendada, mas sim uma necessidade para evitar surpresas desagradáveis e garantir a viabilidade do projeto, principalmente quando envolvem diversos atores. Neste artigo, vamos abordar 5 cuidados essenciais para calcular o custo de construção de projetos de urbanismo, envolvendo desde a análise detalhada do projeto até considerações sobre sustentabilidade e eficiência de longo prazo.
1. Análise Detalhada Dos Requisitos Legais De Projeto
Antes de iniciar qualquer estimativa de custo, é crucial entender completamente o escopo e a inserção do projeto de urbanismo. Isso inclui considerar não apenas a arquitetura e os materiais necessários, mas também os requisitos legais e regulatórios. As leis e normas locais têm um impacto significativo nos custos e na execução de projetos de urbanismo. Desde requisitos de zoneamento até regulamentações ambientais, é essencial estar ciente de todas as exigências legais relevantes e incorporar esses custos ao planejamento financeiro do projeto.
Conforme estabelecido pela maioria das leis municipais, todo projeto deve ser aprovado pela prefeitura local. Esse processo de análise e aprovação chama-se licenciamento. No início, havia um instrumento legal que tinha como objetivo apenas garantir um nível mínimo de salubridade dos imóveis. Com o passar do tempo, a legislação foi se aperfeiçoando e se complementando em diversos aspectos, sempre com o objetivo de garantir a qualidade de vida dos cidadãos e o crescimento ordenado da região.
O licenciamento é o procedimento necessário para se obter a autorização, também chamada de Alvará, que regulariza oempreendimento. Embora a secretaria responsável coordene esse processo, dependendo da obra, pode haver a necessidade de encaminhar o projeto a outros órgãos municipais, o que aumentará o custo da regularização. Por exemplo, quando um terreno possui árvores que deverão ser removidas ou transplantadas, será necessária a permissão e orientação do departamento de meio ambiente.
Logo, cada projeto exige um tipo de aprovação específica, que depende do local onde ele será construído, de sua finalidade e usos (residencial e/ou comercial), do seu tamanho, entre outros. Consequentemente, cada projeto também tem um custo diferente, que varia de acordo com sua complexidade e exigências regulatórias. Por isso, essa análise detalhada dos requisitos legais de projeto é essencial para garantir a conformidade legal e assim uma estimativa de custos mais precisa.
2. Considerar os Custos Diretos e Indiretos
Ao calcular o custo de construção, é importante considerar tanto os custos diretos quanto os indiretos. Os custos diretos de uma obra são aqueles diretamente ligados com o projeto, como os materiais, mão de obra e equipamentos necessários para a realização da construção. Por tanto, são mais fáceis de serem previstos. Já os custos indiretos são mais relacionados à parte administrativa, como o salário dos funcionários e taxas de seguro, dessa forma, os custos indiretos são mais complicados de serem calculados. Entretanto, ignorar qualquer um desses aspectos pode levar a uma estimativa imprecisa de custo do projeto. Por isso, segue uma dica para esse cálculo dos custos indiretos:
O cálculo dos custos indiretos pode ser feito por meio de rateio. Essa estratégia divide o orçamento de acordo com cada segmento que apresenta algum tipo de custo indireto. Dessa forma, é possível ter uma melhor percepção de quanto cada custo indireto irá refletir no valor final da obra, sendo possível realizar ajustes tanto no início do projeto quanto durante a construção. Além disso, para otimizar o gerenciamento de dados e aprimorar a construção de relatórios, sugere-se o uso da ferramenta Microsoft Power BI, que permite uma análise mais detalhada e dinâmica dos custos indiretos.
3. Variação de Preços e Contingências
Sabemos que os preços dos materiais e serviços de construção podem variar ao longo do tempo devido a diversos fatores, como flutuações no mercado ou mudanças nas regulamentações. Por isso, é fundamental acompanhar essas variações e alocar um orçamento para contingências. Isso garantirá que o projeto possa lidar com imprevistos sem comprometer sua conclusão dentro do prazo e do orçamento planejados.
Um bom gerenciamento de custos é essencial para controlar as despesas de forma planejada e abrangente, levando em consideração todos os detalhes e etapas do projeto. Isso inclui a definição de compras, prazos, reservas para imprevistos e contingência de riscos. Embora o orçamento seja inicialmente organizado de acordo com as etapas da obra, é importante compreender que ele é um documento dinâmico, sujeito a atualizações constantes com base nas informações do projeto e nas etapas concluídas. Portanto, requer revisões periódicas para antecipar e lidar com quaisquer alterações.
Para garantir um cálculo de custo preciso, o orçamento deve ser detalhado e transparente para toda a equipe. Isso inclui não apenas os custos, mas também um cronograma de compras que considere a disponibilidade dos fornecedores, permitindo que todos acompanhem e contribuam para o controle de custos do projeto sem comprometê-lo.
4. Sustentabilidade e Eficiência de Longo Prazo
A incorporação de práticas sustentáveis podem influenciar inicialmente o orçamento de um projeto de urbanismo, mas trazem economias significativas a longo prazo. Por isso, ao calcularmos o custo de execução considerando investir em tecnologias e materiais sustentáveis, não apenas reduzirá os custos operacionais futuros, mas também ajudará a promover a responsabilidade ambiental e a resiliência do projeto.
Segundo as palavras de Luiz Henrique Ceotto, responsável pelos Projetos e Construção na Tishman Speyer, durante o painel intitulado “Gestão Sustentável da Construção Civil” na Conferência Internacional Ethos 2008, medidas como a reutilização de água e a adoção de iluminação natural, entre outras, podem implicar em um acréscimo de 15% nos custos de construção. No entanto, ao longo de um período de 50 anos, o edifício em questão poderia economizar até 50% em despesas operacionais e de manutenção.
Assim como essas iniciativas citadas em escala de edifício ajudam a economizar em despesas operacionais e de manutenção, além de trazerem benefícios sociais e ambientais, nos projetos urbanísticos também conseguimos aplicar iniciativas que demonstram os benefícios ambientais e, também, ressaltam os impactos positivos na eficiência e sustentabilidade a longo prazo.
Por exemplo, a implementação de jardins de chuva, pisos drenantes, postes de LED ou com fotovoltaico, asfalto de pneus reciclados e áreas verdes com espécies nativas são medidas que representam um investimento inteligente no futuro das cidades, proporcionando espaços mais habitáveis e economicamente viáveis a longo prazo.
Em resumo, embora na maioria das vezes soluções sustentáveis representem um investimento inicialmente mais elevado, se calcularmos de forma correta os custos da implementação dessas práticas a longo prazo, nota-se que os benefícios econômicos futuros resultantes são bastante significativos.
5. Parcerias e Subcontratações de mão de obra especializada
Escolher parceiros e subcontratados confiáveis é essencial para manter o orçamento e o cronograma do projeto, principalmente na contratação de mão-de-obra especializada e experiente no desenvolvimento do projeto urbano, que garanta um trabalho excepcional desde o traçado inicial até as escolhas dos materiais.
Essas parcerias sólidas de contratação de profissionais qualificados, não apenas resultam em um melhor custo-benefício ao evitar problemas futuros, mas também asseguram uma execução mais eficiente do projeto urbano. Além disso, é importante ressaltar que, para uma gestão eficaz antes, durante e depois da construção, é fundamental estabelecer relações de confiança com os parceiros. Isso implica em negociações equitativas que atendam aos interesses de ambas as partes, promovendo um ambiente de trabalho harmonioso e garantindo que as expectativas sejam cumpridas satisfatoriamente.
No entanto, para cultivar relacionamentos duradouros e sólidos, é necessário estar respaldado por contratos transparentes e abrangentes que abordem não apenas os aspectos financeiros, mas também os detalhes técnicos e de prazo. Essa abordagem proativa protege os interesses de todas as partes envolvidas e também previne surpresas desagradáveis, assegurando a viabilidade do projeto urbano, especialmente considerando sua complexidade e sua interdependência dos diversos atores envolvidos.
Conclusão
Calcular o custo de construção com cuidado e precisão é fundamental para garantir o êxito financeiro e ambiental de projetos de urbanismo. Ao seguir os cinco cuidados essenciais discutidos neste artigo, os profissionais do setor podem evitar surpresas desagradáveis, garantir a viabilidade do projeto e contribuir para comunidades mais sustentáveis e resilientes. Lembre-se sempre de considerar o escopo completo do projeto, acompanhar as variações de preços, respeitar as normas regulamentadoras e buscar parcerias confiáveis. Com um planejamento financeiro sólido e uma execução cuidadosa, os projetos de urbanismo podem alcançar resultados bem-sucedidos e duradouros.
Este artigo foi elaborado com a finalidade de oferecer um guia prático e informativo para profissionais do setor. Mas, lembre-se de que cada projeto de urbanismo é único, e é fundamental adaptar esses cuidados às necessidades específicas e às características individuais de cada iniciativa. Com um planejamento especializado, cuidadoso, personalizado e uma abordagem proativa, é possível alcançar resultados positivos e duradouros em qualquer empreendimento urbano. Por isso, não hesite em entrar em contato com a Biossplena para auxiliarmos na viabilidade do seu projeto.
